A I Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia – REPAQ, realizada em Brasília no período de 06 a 09 de junho de 2010, contou com a participação de todos os coordenadores dos Cursos de Arquivologia no Brasil. Após a apresentação, de cada coordenador, foram realizados alguns debates. Ao fim da Reunião deliberou-se o que se segue abaixo. Solicitamos ampla divulgação dessas deliberações, inclusive foi criada uma lista de discussão para ampliar o debate da área.
Os docentes e pesquisadores em Arquivologia das universidades públicas brasileiras, reunidos em Brasília durante a I Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia, considerando:
– A expansão dos cursos de graduação em Arquivologia nas universidades públicas do País;
– Que esta expansão do ensino de graduação, aliada à presença de pesquisadores em programas de pós-graduação, tem incentivado a procura por uma formação acadêmica em nível de pós-graduação dos egressos;
– Que a docência em Arquivologia tem atraído muitos egressos desses cursos;
– Que as pesquisas acadêmicas têm demonstrado a existência de uma produção de conhecimento científico na área, em sua maioria, vinculada aos programas de pós-graduação em Ciência da Informação;
– Que o conhecimento produzido com temáticas arquivísticas aponta para a configuração de um campo de pesquisa específico;
– Que a dispersão das pesquisas em Arquivologia em diferentes programas de pós-graduação é um fator de pouca visibilidade institucional da área;
– A necessidade de se harmonizar, minimamente, os currículos de graduação de forma a acompanhar os desafios e perspectivas para a Arquivologia;
– Que as sociedades contemporâneas, o Brasil em particular, demandam uma formação integral do arquivista em suas múltiplas dimensões;
– A necessidade de se dar maior visibilidade à docência e à pesquisa em Arquivologia;
– A necessidade de um “espaço” permanente de interlocução para os docentes, discentes, pesquisadores e profissionais da área, bem como de um espaço próprio para a produção de pesquisas arquivísticas, tendo em vista a relevância do amadurecimento da Arquivologia como campo científico relativamente autônomo, sem perder de vista as suas interfaces com outras disciplinas e áreas do conhecimento
Apresentam as seguintes deliberações, recomendações e moção.

Recomendações específicas:
Ao Arquivo Nacional do Brasil:
1. Que seja revista a periodicidade do rodízio de representação das universidades no Conselho Nacional de Arquivos (Conarq).
2. Às IES públicas
1. Incentivar a complementação da formação (mestrado e doutorado) dos docentes dos cursos de Arquivologia por meio dos Planos de Formação de Docentes.
1. Publicação de um livro com o material apresentado na I Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia.
2. Que o livro seja dedicado à professora Maria Odila Kahl Fonseca (in memoriam);
3. Criação de um Grupo de discussão virtual dos docentes e pesquisadores em Arquivologia das IES, de forma a dar continuidade às discussões e reflexões da Reunião.
4. Sugestão do formato para as próximas reuniões (ex: mapeamento dos eixos temáticos, pesquisas dos professores e profissionais oriundos de outras instituições que desenvolvem pesquisas na área).
5. Definição da periodicidade do evento e das universidades que sediarão as próximas reuniões: as reuniões serão anuais sendo que, em 2011, a II Reunião será sediada pela parceria entre Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO) e Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro; em 2012, a III Reunião será sediada na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador; e em 2013, a IV Reunião será sediada pela parceria entre Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa.
6. Criação de um Grupo de Trabalho (GT) para o estudo da criação da Associação de Ensino e Pesquisa em Arquivologia e eleição dos seus membros: Prof.ª Cynthia Roncaglio (UnB) – Presidente, Prof.ª Maria Leandra Bizello (UNESP), Prof.ª Nelma Araújo (UEL), Prof.ª Eliana Bahia (UFSC) e Prof.ª Jacqueline Echeverria (UEPB).
7. Criação de um Grupo de Trabalho (GT) para estudar a criação de um curso de Mestrado stricto sensu em Arquivologia e eleição de seus membros: Prof. José Maria Jardim (UNIRIO) – Presidente, Prof.ª Georgete Medleg Rodrigues (UnB), Prof.ª Telma Madio (UNESP), Prof.ª Maria do Rocio Teixeira (UFRS), Prof.ª Denise Molon (UFSM) e Prof.ª Ana Célia Rodrigues (UFF).

Recomendações:
– Reafirmar o papel das IES no que diz respeito ao ensino, pesquisa e extensão;
– Refletir sobre as consequências do crescimento dos cursos de Arquivologia nas universidades públicas;
– Ratificar a necessidade de investimento em projetos de extensão sobre a inserção social da Arquivologia;
– Criar um grupo de estudos para estudar a harmonização mínima dos currículos, respeitando as contingências históricas e as configurações atuais de cada curso;
– Cada curso deve criar um grupo de estudos, ou fazer um projeto de TCC/iniciação científica, para produzir uma série histórica sobre o perfil do seu corpo discente, inclusive com as causas da evasão;
– Viabilizar, em cada universidade, a representação dos cursos de Arquivologia nas suas instâncias deliberativas;
– Viabilizar a criação de um periódico especializado, conforme os critérios da CAPES e divulgar os periódicos já existentes que estão na lista da CAPES;
– Incentivar a continuação da formação dos docentes (PROGRAD – CAPES);
– Estudar as oportunidades de atuação do arquivista no mundo do trabalho (além das convencionais), tendo em vista a expansão dos horizontes da sua formação;
– Rever a descrição da profissão de arquivista na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO);
– Os cursos devem supervisionar a atuação das empresas júniores;
– Os cursos devem acompanhar a atualização do acervo bibliográfico da suas bibliotecas e demandar orçamento das IES para aquisição de livros na área;
– Buscar meios para uma política de publicação de obras arquivísticas nacionais, bem como a tradução de obras estrangeiras, propondo às editoras universitárias uma série sobre Arquivologia;
– Enquanto não existe o mestrado em Arquivologia, buscar a criação de linhas de pesquisas em Arquivologia nos programas de pós-graduação que compartilham o mesmo espaço de cursos de graduação;
– Incentivar a participação dos docentes nos grupos de pesquisa formais do CNPq;
– Providenciar a filiação dos cursos de Arquivologia ao International Council on Archives (ICA);
– Viabilizar a participação brasileira no Comitê da Seção de Formação do ICA, buscando representação;
– Incentivar a participação dos docentes em editais das agências financiadoras federais e estaduais;
Assumir um compromisso com a preservação dos acervos universitários, a exemplo do que vem sendo feito na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal Fluminense (UFF);
– Na medida do possível, otimizar os recursos financeiros e humanos dos cursos na realização de eventos da área;
– Investir nos sítios eletrônicos dos cursos de Arquivologia, priorizando a transparência das ações e padronizando as informações;
– Providenciar o levantamento dos projetos financiados pelas agências federais, estaduais e pelas próprias universidades;
– Cada curso deve providenciar o mapeamento das pesquisas (financiadas ou não) dos seus docentes;
– Pensar em um projeto nacional para investigar as imagens sociais do arquivista, dividido em subprojetos coordenados pelos cursos na sua cidade. Buscar-se-á recursos de editais do ICA para tal pesquisa.
– Estabelecer, como uma política dos cursos, o envolvimento dos alunos de graduação nos seminários de grupos de pesquisas, workshops, assim como nos eventos da pós-graduação;
– Cada curso deverá investigar em quais programas de pós-graduação os egressos dos seus cursos estão se inserindo.

Moção:
Aos Organizadores da I Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia:
1. A plenária final parabeniza a Comissão Organizadora da I Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia.

FONTE: http://departamentocienciadainformacao.blogspot.com/2010/11/deliberacoes-da-i-reuniao-brasileira-de.html

Veja os documentos do I REPAQ:
Síntese das apresentações dos Cursos de Graduação em Arquivologia
I REPA SNTESE.pdf
Deliberações, recomendações e moção
I REPA RECOMENDAES.pdf

By AAERJ

2 thoughts on “Deliberações da I Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia”
  1. Caríssimos,

    Sou arquivista graduada pela UFF em 1987 e desde 2004 moro em Fortaleza – CE. Sendo a única arquivista no estado, até que tome posse o primeiro concursado para a vaga de arquivista na Universidade Federal do Ceará, tenho sido requisitada para ministrar cursos de curta duração na modalidade in company e em turmas abertas como cursos de extenção em faculdades privadas, cursos de capacitação promovidos pela Associação de Bibliotecários do Ceará e empresas de treinamento.

    Diante da demanda, tenho observado a necessidade da criação de um curso de Arquivologia no Ceará.

    Antes da minha chegada o Conselho Federal de Biblioteconomia havia propovido um curso de Especialização em Arquivologia, em parceria com uma instituição de São Paulo, mas formou uma única turma.

    Algumas iniciativas ficaram apenas na ideia. O Departamento de História da UFC propôs a criação de uma especialização em Arquivologia e chegou a realizar reunião com o então Diretor do Arquivo Público do Estado do Ceará e a presença de Vitor Fonseca do Arquivo Nacional.

    O Departamento de Ciência da Informação da UFC recebeu a demanda do próprio Reitor para viabilizar a criação do curso, mas apresentou as dificuldades para tal.

    Atualmente, também atuo como Tutora à distãncia da Universidade Aberta do Brasil, em parceria com a Universidade Estadual do Ceará, no curso de Especialização em Gestão Pública e sugiro que entre os temas abordados na próxima Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia seja discutida a possibilidade de criação de curso de graduação de Arquivologia na modalidade à distância, a ser oferecido pela Universidade Aberta do Brasil – UAB, em parceria com a Universidade Federal do Ceará.

    O curso poderia ser semi-presencial, contando com professores reconhecidamente competentes de todas as Universidades Federais do Brasil, que atuariam como professores conteudistas. A UAB selecionaria tutores à distãncia e os encontros presenciais poderiam trazer os professores de Arquivologia para o Ceará em finais de semana mensais. As disciplinas de história, administração, tecnologia da informação e demais áreas afins poderiam ser ministradas presencialmente por professores da própria UFC.

    Tenho disseminado a importância da Arquivologia no Estado e as pessoas se interessam pela área, mas com a falta de curso no estado, o espaço que seria originariamente do arquivista está sendo ocupado por outros profissionais da área de Biblioteconomia, Administração, etc.

    Acredito que o curso de Arquivologia na modalidade semi-presencial contribuiria para a abertura de vagas para arquivistas tanto na área pública, em especial no Arquivo Público do Estado do Ceará e na criação de futuros Arquivos Públicos Municipais, bem como na área privada.

    Saudações Arquivísticas,

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